Como tudo acontece
Sabemos que a fisiologia é o estudo das funções e de como os seres vivos
funcionam, quais os processos físico-químicos que ocorrem com estes. Assim
sendo, vamos compreender um pouco mais a respeito da fisiologia do parto.
É inevitável não notarmos as pequenas transformações corporais e de humor
que a mulher passa desde a sua infância, adolescência e idade adulta não é
mesmo? Algumas mudanças tornam-se ainda mais notáveis quando falamos de
uma gestante, concordam?!
Pois bem, de fato, essa mudança durante cada trimestre gestacional não é
simples. A mulher, por sua vez, é submetida desde transformações físicas, como
hormonais e emocionais. Bom lembrar também que estas alterações estão
interligadas e refletem consideravelmente em cada gestação.
Devemos sempre sermos profissionais humanizados com toda e qualquer pessoa
que está sob nossos cuidados, principalmente com as mulheres gestantes/em
trabalho de parto. Desde as sociedades primitivas, até nossos dias, há a
preocupação do homem em descobrir meios para minorar ou abolir a dor no
parto. Existem diversos métodos que dão ênfase ao preparo psicológico da
gestante, livrando-a da influência nefasta do medo. Apoiá-la, encorajá-la,
prestar uma assistência qualificada e amenizar a dor são ações que estão ao nosso alcance e com certeza farão diferença nesse processo tão delicado em que
você também fará parte.
Vamos lá!
O parto é dividido “didaticamente“ em 4 períodos:
Dilatação que é trabalho de parto; o expulsivo que inicia-se com 10 cm e
presença de vontade de empurra e se entende até a saída do bebê; a dequitação
que inicia-se após o nascimento do bebê até o término do desprendimento da
placenta e o período de Greenberg que é um período de recuperação e
contração do útero, para que não aconteça hemorragia, se estende a 1 hora após
o término do parto (saída da placenta), momento em que se procede os cuidados
como medicações e sutura se necessário.
Portanto como podemos ver o parto só termina quando a placenta sai.
Para a expulsão do feto, no trabalho de parto, são necessárias contrações mais
potentes, que são estimuladas por dois agentes:
(1) a ocitocina, hormônio
peptídico produzido pelo hipotálamo e liberado pela neurohipófise;
(2) prostaglandinas, particularmente a PGE2 e a PGF2α.
(2) prostaglandinas, particularmente a PGE2 e a PGF2α.
Embora se conheçam os
estímulos para as contrações do trabalho de parto, desconhece-se o fator
responsável pelo seu início.
Uma das hipóteses mais consistentes, resultante de estudos em mamíferos não primatas,
sustenta que o parto se inicia com a ativação do córtex da suprarrenal
fetal e que o eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal determina o momento do
início. Os corticosteroides provenientes da suprarrenal fetal estimulam a
placenta a converter progesterona em estrogênios, o que é significativo, pois,
enquanto a progesterona inibe a atividade contrátil do miométrio, os estrogênios
estimulam-na.
No homem, o início do trabalho de parto é mais complexo, pois a placenta não
converte progesterona em estrogênios, apenas o conseguindo fazer a partir de
androgênios fetais. A glândula suprarrenal fetal não possui medula, mas o
córtex divide-se numa parte externa, que produz cortisol e uma parte interna
(zona suprarrenal fetal) que secreta DHEA-S.
Quando o DHEA-S é fornecido à placenta, é convertido em estrogênios
(sobretudo estriol) que estimulam, no útero, a produção de receptores para a ocitocina, receptores para a prostaglandinas e de gap-junctions entre as células
miometriais. A síntese de receptores para as prostaglandinas e ocitocina torna o
miométrio mais sensível a estes agentes. As gap-junctions (que funcionam
como sinapses elétricas) sincronizam e coordenam as contrações uterinas.
Normalmente, o trabalho de parto se inicia entre as 37 e 40 semanas
gestacionais de forma espontânea, acompanhado por alguns sinais que
chamamos de sinais de alerta, os quais são informados à gestante durante seu
pré-natal.
O PRIMEIRO TRIMESTRE
Os trimestres são um meio conveniente de medir a gravidez. Entretanto, eles
têm durações desiguais, e o terceiro trimestre varia de acordo com o tempo total
da gravidez. O corpo da mulher faz um grande esforça durante o primeiro
trimestre (1-12 semanas) para se adaptar ao embrião e à placenta em
desenvolvimento.
- A taxa metabólica aumenta em 10-25%, de modo que o corpo acelera todas as
suas funções.
- O ritmo cardíaco aumenta e o ritmo respiratório também aumenta à medida
que mais oxigênio tem que ser levado ao feto e que mais dióxido de carbono é
exalado.
- As fibras musculares do útero ficam, rapidamente maiores e mais grossas, e o
útero em expansão tende a pressionar a bexiga, aumentando a vontade de urinar.
- O tamanho e peso dos seios aumentam rapidamente.
- Os seios tornam-se mais sensíveis logo nas primeiras semanas de gravidez.
- Surgem novos ductos lactíferos.
- As auréolas dos seios escurecem, e as glândulas nelas situados, chamadas
tubérculos de Montgomery, aumentam em número e tornam-se mais salientes.
- Com o aumento do envio de sangue para os seios, as veias se tornam mais
visíveis.
O SEGUNDO TRIMESTRE
Vai da 13ª à 18ª semana. No início desse trimestre, o útero em expansão
ultrapassa a borda da pelve, o que resulta na perda gradual de cintura.
- A musculatura do trato intestinal relaxa, provocando diminuição das secreções
gástricas; a comida fica mais tempo no estômago.
- Há menos evacuação pois o músculo intestinal está mais relaxado que o
habitual.
- Os seios podem formigar e ficar doloridos.
- A pigmentação da pele tende a aumentar principalmente em áreas já
pigmentadas como sardas, pintas , mamilos.
- Pode aparecer a linea nigra .
- As gengivas podem se tornar um tanto esponjosas devido à ação aumentada
das hormônios da gravidez.
- O refluxo do esôfago pode provocar azia, devido ao relaxamento do esfíncter
no alto do estômago.
- O coração trabalha duas vezes mais do que o de uma mulher não grávida, e faz
circular 6 litros de sangue por minuto.
- O útero precisa de mais 50% de sangue que habitualmente.
- Os rins precisam de mais 25% de sangue do que habitualmente.
O TERCEIRO TRIMESTRE
Durante este trimestre (da 29ª semana em diante) , o feto em crescimento
pressiona e restringe o diafragma. Por isso a mulher grávida respira mais rápida
e profundamente, aspirando mais ar com cada inalação, o que aumenta o
consumo de oxigênio.
- A taxa de ventilação aumenta cerca de 40% , passando dos 7 litros de ar por
minuto da mulher não - grávida para 10 litros por minuto , enquanto o consumo
de oxigênio aumenta apenas 20%. A maior sensibilidade das vias respiratórias
aos elevados níveis de dióxido de carbono no sangue pode resultar em falta de
ar.
- À medida que o feto cresce e o abdome aumenta de tamanho, as costelas
inferiores da mulher são empurradas para fora.
- Os ligamentos inclusive da pelve e dos quadris , ficam distendidos, o que pode
causar desconforto ao caminhar.
- Mãos e pés inchados , além de causarem desconforto, podem ser um sinal de
pré-eclâmpsia.
- Podem ocorrer dores nas costas , causadas pela mudança do centro de
gravidade do corpo e por um ligeiro relaxamento das articulações pélvicas .
- Os mamilos podem secretar colostro.
- Aumenta a frequência e a vontade de urinar.
- Aumenta a necessidade de repousar e dormir.
O peso do útero aumenta cerca de 20 vezes durante a gravidez, de cerca de 60 g
, antes da gestação , para cerca de 1000 g, ao termo, e aumenta de tamanho de
cinco a seis vezes. Ao fim da gravidez o útero tem de 30 a 35 cm de
comprimento , de 20 a 25 cm de largura e cerca de 22 cm de profundidade. Sua
capacidade terá aumentado de 700 a 1000 vezes, de aproximadamente 4 ml para
de 4000 a 5000 ml.
Durante a gravidez o suprimento sanguíneo uterino aumenta de 20 a 40 vezes.
As artérias uterinas, que são a principal fonte do suprimento uterino, são ramos
das ilíacas internas; passam para dentro e ao longo dos ligamentos largos e
penetram no útero aproximadamente ao nível do orifício interno do colo. Sobem
então por cada lado do útero e formam uma rede de arteríolas espirais que
fornecem um amplo suprimento de sangue.
As alterações dos vasos sanguíneos revertem rapidamente após o parto. Uma
semana após , os vasos já retornaram ao seu tamanho primitivo.
Modificações acentuadas ocorrem nas mamas durante a gravidez, devido ao
desenvolvimento de tecido glandular quiescente. As mamas aumentam de
tamanho e firmeza, e ficam nodulares. Frequentemente aparecem estriações na
pele. O aumento é perceptível algumas semanas após a concepção e continua
por toda a gestação. Há também um aumento considerável na vascularização
das mamas no início da gravidez, e as veias superficiais ficam mais
proeminentes. Essas alterações são frequentemente acompanhadas por uma
sensação de dor, formigamento e peso nas mamas, no início da gestação, e são
considerados sinais presuntivos de gravidez
Os mamilos ficam mais móveis, e será mais fácil para o bebê apreende-los para
mamar. As glândulas de Montgomery ficam maiores.
Há uma grande variação individual no aumento do tamanho das mamas, mas o
aumento médio é de cerca de 700 g para cada mama.
Uma alteração considerável ocorre dentro do próprio tecido mamário:
(1) há
proliferação do tecido glandular.
(2) as células alveolares diferenciam-se,
tornando-se secretoras.
À medida que ocorrem as modificações proliferativas,
os ductos intramamários se alongam e ramificam. Alvéolos e lóbulos
desenvolvem-se nas pontas de muitos dos ramos, até, finalmente, haver uma
grande glândula composta de cada mama, com muitos lóbulos e alvéolos.
Há uma proliferação progressiva do tecido glandular durante a gravidez. Os
dutos alongam-se muito e os alvéolos e lóbulos desenvolvem-se nas
extremidades de muitos dos ramos. Com o aumento da atividade secretória ao
fim da gravidez, os alvéolos e dutos ficam distendidos pelo colostro. Na mama
em lactação os alvéolos e dutos ficam distendidos por leite.
Após um certo estágio de proliferação do tecido glandular durante o primeiro
trimestre, as células alveolares começam a diferenciar-se no segundo . Muitas
dessas células tornar-se-ão secretórias e serão capazes de secretar leite. Pelo fim
do segundo trimestre, uma pequena quantidade de líquido fino e amarelado,
chamado colostro é secretado para os dutos.
O abdome modifica de contorno à medida que o Útero em crescimento estende-se para dentro da cavidade abdominal, ocupando-a cada vez mais, ata que o feto
contido pelo útero fica completamente dentro dela. Os músculos abdominais
sustentam grande parte do peso do feto.
Durante a última parte da gravidez, estrias ondulares, irregulares e
discretamente deprimidas se desenvolvem frequentemente na pele do abdome e
, às vezes, também na das mamas, quadris e parte superior das coxas. Essas
estrias são chamadas de estrias gravídicas. As recentes são de coloração rosa
pálido ou azuladas. Após o parto adquirem o aspecto prateado brilhante de
tecido cicatricial. Em uma mulher que tenha tido filhos poderá haver estrias
novas e antigas, sendo as resultantes da primeiras gestações prateadas e
brilhantes , e chamadas de estriae albicantes, ao passo que as novas são rosadas
ou azuladas.
As estrias surgem nas áreas de distensão máxima : o abdome, as mamas e as
coxas. A gordura subcutânea aumenta na gravidez, e distende a pele acima dela.
Um considerável aumento de peso na gestação, a obesidade desde o início da
gravidez, uma distensão incomum da pele abdominal e a retenção hídrica e o
edema generalizado, todos esses fatores têm probabilidade de aumentar a
distensão da pele. Algumas mulheres são muito mais susceptíveis do que outras
à separação do tecido conjuntivo da pele; é por isso que têm muitas estrias, ao
passo que outras, com distensão igual, têm poucas ou nenhuma.
Estrias abdominais em mulheres não grávidas podem estar ocasionalmente
associadas à distensão abdominal, a um acentuado aumento da gordura ou a um
tumor abdominal as dos quadris e coxas podem ser devidas às alterações pós-puberais normais.
Esperamos que com essas informações você tenha compreendido melhor a
experiência gestacional da mulher sob a perspectiva fisiológica da gestação.
Showww
ResponderExcluir